Projeto secreto “Eagle” previa parceria com a Boeing e milhares de satélites para fornecer internet doméstica e móvel
A Apple quase entrou no mercado de internet via satélite, com um ambicioso plano para criar um serviço semelhante ao Starlink da SpaceX, segundo informações obtidas pelo The Information. Chamado internamente de “Project Eagle”, o projeto teve início em 2015 em colaboração com a Boeing, e pretendia oferecer conexão à internet para iPhones e residências por meio de satélites.
Apple queria independência das operadoras móveis
O principal objetivo do Project Eagle era diminuir a dependência da Apple em relação às operadoras de telefonia, que a empresa via como “parceiros necessários, porém inconvenientes”. A proposta incluía o lançamento de milhares de satélites em órbita e a venda de antenas domésticas que seriam instaladas em janelas para distribuir o sinal dentro das casas.
A Apple chegou a investir US$ 36 milhões em testes no sul da Califórnia, mas o plano foi abandonado em 2016. O CEO Tim Cook teria manifestado preocupação com os altos custos e o impacto potencial nas relações comerciais com as operadoras. Executivos seniores envolvidos no projeto deixaram a empresa logo após o cancelamento.
Tentativas posteriores e foco em recursos de emergência
Em 2018, a Apple tentou retomar o plano ao negociar com empresas como a OneWeb, que estimou em US$ 30 a 40 bilhões o custo para viabilizar o serviço — valor considerado inviável. Desde então, a empresa redirecionou seus esforços para recursos mais pontuais, como a conectividade via satélite para situações de emergência.
Em 2022, a Apple lançou o SOS de Emergência via Satélite no iPhone. Em 2023, houve uma nova proposta interna para oferecer acesso completo à internet via satélite em áreas remotas, mas novamente foi rejeitada para evitar atritos com as operadoras móveis.
Sustentabilidade e futuro incerto do recurso
Atualmente, o serviço de conectividade via satélite no iPhone é gratuito, com gratuidade estendida até setembro de 2025. Porém, o custo para a Apple ultrapassa centenas de milhões de dólares por ano, e há receio de que a cobrança pelo serviço possa atrair regulação governamental mais severa, tratando a Apple como uma operadora de telecomunicações.
Executivos como Craig Federighi e Adrian Perica já sugeriram o fim do recurso, alegando que usuários provavelmente prefeririam contratar esse tipo de serviço diretamente com suas operadoras.
Além disso, há críticas internas ao uso da rede da Globalstar, considerada defasada, lenta e limitada em comparação com a infraestrutura da SpaceX — o que levanta dúvidas sobre a viabilidade de longo prazo dessa funcionalidade no ecossistema Apple.