Cade mantém decisão contra Apple e exige mudanças nas regras da App Store no Brasil

Regulador antitruste brasileiro reforça medida provisória que obriga a Apple a permitir métodos de pagamento alternativos e maior liberdade para desenvolvedores

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) votou por unanimidade nesta quarta-feira (14) pela manutenção da medida provisória que obriga a Apple a flexibilizar as regras da App Store no Brasil. A decisão reforça o entendimento de que a empresa viola leis de concorrência ao limitar opções de pagamento e comunicação entre desenvolvedores e usuários no iOS.

Origem do processo: queixas do Mercado Livre

A investigação foi aberta em 2022 após uma denúncia do Mercado Livre, gigante do e-commerce na América Latina. O cerne da disputa gira em torno da política da Apple que obriga os desenvolvedores a utilizarem exclusivamente seu sistema de pagamentos dentro dos aplicativos, o qual cobra uma comissão de até 30% por transação. Além disso, a Apple proíbe que os apps informem os usuários sobre alternativas de pagamento fora da loja.

Para o corpo técnico do Cade, essa prática é anticompetitiva, pois limita a liberdade dos desenvolvedores e restringe a escolha dos consumidores.

Prazo estendido e exigências reforçadas

A nova decisão do Cade amplia o prazo de adequação da Apple para 90 dias, substituindo os 20 dias anteriormente definidos em novembro de 2023. A empresa deverá:

  • Permitir métodos de pagamento alternativos dentro dos apps;
  • Liberar os desenvolvedores para informar os usuários sobre essas opções;
  • Ajustar suas políticas de forma equitativa, sem favorecimentos seletivos entre aplicativos.

Durante a sessão, o conselheiro relator Victor Oliveira criticou a defesa apresentada pela Apple, chamando-a de “inconsistente” e afirmando que a empresa aplica suas regras de forma seletiva.

“As justificativas da Apple não se sustentam. Há casos em que alguns apps são isentos da taxa de 30%, o que caracteriza uma estratégia de amarração e distorção da concorrência.”

Oliveira também citou casos semelhantes em países como Estados Unidos, Japão, Holanda e Reino Unido, mencionando o emblemático processo da Epic Games como referência.

Resposta da Apple

Em nota ao site 9to5Mac, a Apple declarou:

“Com a App Store, criamos experiências seguras e confiáveis que nossos usuários adoram, além de uma grande oportunidade de negócios para desenvolvedores no Brasil e no mundo. Enfrentamos uma concorrência intensa em todos os lugares onde operamos e temos orgulho de impulsionar a inovação e o crescimento econômico. Estamos preocupados que a medida provisória proposta pelo Cade possa prejudicar a privacidade e a segurança, e continuaremos a defender o que é melhor para nossos usuários.”

Impacto global e desdobramentos

A decisão do Cade representa mais um capítulo na crescente pressão regulatória global enfrentada pela Apple. Além da União EuropeiaEstados Unidos e outros mercados, agora o Brasil se junta de forma mais firme ao movimento internacional que busca reduzir o poder de mercado da Apple sobre sua loja de aplicativos.

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